Quem Somos

Quem somos

O OBIAH-Grupo Transdisciplinar de Estudos Interculturais da Linguagem/CNPq (<http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/6412508963282738>) está sediado na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, no Campus Samambaia (contatos: Email: obiahpml@gmail.com; Facebook: https://www.facebook.com/ObiahEstudosInterculturaisDaLinguagem). O Grupo congrega pesquisador@s dedicad@s a estudar práticas sociolinguísticas e práticas de letramento intercultural, em sua pluralidade sociocultural, historicamente constituída. A linguagem é abordada em sua complexidade, considerando os lugares socioculturais, ideológicos e simbólicos onde se situam os povos e suas práticas sociolinguísticas. Os estudos sociolinguísticos servem de base de conhecimento para atuações nos campos de políticas e planejamento linguísticos voltados para o planejamento educacional. O objetivo maior do Grupo é a atuação social e política, por meio da linguagem, sobretudo no campo educacional, no que se refere às práticas escolares de línguas, com vistas a promover a emancipação de grupos historicamente subalternizados.

O nome Obiah, foi inspirado em um termo de origem bantu. Obeah, Obiah ou Obia, nas línguas bantu, pode ser usado como adjetivo, e Obe ou Obi, em geral, funciona como substantivo.  Os homens e mulheres Obiah são os praticantes do Obi. A provável etimologia do termo é: "na língua egípcia, a serpente era chamada Ob ou Aub"; e "Obion ainda é o nome egípcio para serpente."

"Moisés, em nome de Deus, proíbe os israelitas até mesmo de perguntar sobre o demônio Ob, que é traduzido em nossa Bíblia como encantador ou mago, divinator aut sortilegus."; "A mulher de Endor é chamada Oub ou Ob, significando pitonisa, e Oubaios (citado de Horus Apollo) era o nome do basilisco ou serpente real, emblema do sol, e uma divindade oracular ancestral africana."

Apesar da possível origem do termo ser egípcia, as evidências permitem inferir que os cultos ofídicos africanos não são derivados dos cultos egípcios, mas são autóctones. Em relatos como o do governador da então colônia britânica, o bucaneiro "sir" Henry Morgan, são mencionados "cultos africanos, perpetrados pelos negros, que podem causar a morte de feitores de escravos e senhores muito cruéis". A religião, por sua vez, tem suas raízes nos cultos fon ao Deus Serpente, entidade celestial, chamada de Damballah Weddo, no centro religioso de Ouidah, no antigo Daomé, atual Benin. (Joseph J. Williams, S. J. Voodoos and Obeahs. 2ª ed. Binghamton, N. Y., E.U.A: Dial Press Inc., 1932, pp. 3-4; 109-110).

 

Em José Jorge de Carvalho (O quillombo do Rio das Rãs, 1996, p. 18 e na nota 6 p. 238), encontra-se em uma narrativa sobre o povo Saramacá do Suriname, a menção sobre o obeah, com o sentido de poder mágico. Informa o autor que "obeah é termo difundido em todo o Caribe de língua inglesa e holandesa (o termo saramacá é óbia)". O nome do Grupo é inspirado no sentido dado ao termo pelo povo Saramacá, isto é, poder mágico. Como o Grupo se dedica a estudar a linguagem, para nós, Obiah é ressignificado para poder mágico da linguagem. Adotamos a pronúncia com alçamento da vogal média e com acento oxítono, isto é, a tônica recai na última sílaba, para distanciar da pronúncia resultante da interferência das línguas dos exploradores ingleses e holandeses, como forma de resistência à exploração histórica. Por fim, a nomeação do Grupo de Obiah é uma homenagem a todos os povos africanos historicamente explorados na América (nas américas) e Caribe (Caraíbas, Antilhas, Índias Ocidentais).